sexta-feira, 29 de junho de 2012

VITRAIS EM PORTUGAL (Séc. XV e XVI – Vitrais do Mosteiro da Batalha)


Vitrais

                       Portugal não tem uma forte tradição em vitrais. Difunde-se em Portugal nos séculos XV e XVI, quando a prática na arte dos vitrais já se encontra em um processo de decadência pela incorporação do estilo das pinturas em cavalete, o uso de vidros mais finos e maiores. E se efetiva no séc XVII com a difusão do uso de esmaltes. E no período renascentista se promove uma maior clareza espacial, favorecendo o uso de vidraças incolores.

Mosteiro da Batalha

                Em 1385 D. João I de Portugal mandou construir o mosteiro de Santa Maria da Vitória (Batalha) em agradecimento pela vitória na Batalha de Aljubarrota (travada entre portugueses e castelhanos).

           Houve um verdadeiro surto de construções no séc. XV patrocinado pela ascensão e afirmação da Dinastia de Avis, promovendo a mobilização de jovens profissionais de diferentes países europeus como França, Itália e Alemanha. “O Mosteiro da Batalha transformou-se no centro português de criação de vitral.”


Tipologias

·         Diferentes composições devem-se as diferentes origens dos vitralistas.

  Os painéis sofreram muitas alterações ao longo dos anos, dificultando que se estabeleçam comparações entres eles.
A técnica de execução dos vitrais permitia uma diversidade de combinação de intervenções de diferentes artistas. Contudo é possível observar diferentes estilos no desenvolvimento das obras.



Fig. 01 – Anjo (Igreja).

(Segundo terço do séc. XV. Fonte fotográfica< http://livreiro-monasticon.blogspot.com.br/2011/05/barros-carlos-vitorino-da-silva-o.html> acesso em 30/04/12 às 00h01min.)
·       Uso de vidros brancos nas vestes e traços muito lineares.




Fig. 02 - Última Ceia – Fragmento (Igreja).

(Fonte fotográfica <http://www.mosteirobatalha.pt> acesso em 30/04/12 às 00h02min.)
·      Conferem-se mais cores e jogos de claros e de escuro, dando mais volume às figuras.



Fig. 03 - Bodas de Caná – Fragmento (Igreja) (imagem editada da capa do livro O Mosteiro da Batalha e o Vitral e Portugal nos séc. XV e XVI de Pedro Redol).

(Final do séc.XV e início do XVI. Fonte fotográfica <http://www.cm-batalha.pt/turismo-e-lazer/cultura/publicacoes> acesso em 10/05/12 às 5h02min.)

·         Trabalha-se mais a volumetria, e no caso deste pormenor, evidencia-se a participação de mais de um executor.




Fig. 04 – Pentecostes (Igreja).

(Segunda década do sec. XVI. Fonte fotográfica <http://www.mosteirobatalha.pt> acesso em 30/04/12 às 00h02min.)



Fig. 05 - Adoração dos Magos. (Igreja)

(Fonte fotográfica <http://www.mosteirobatalha.pt> acesso em 30/04/12 às 00h02min.)
·         É possível se notar variedade na composição e diferentes fisionomias.



Fig. 06 - Trítico da Paixão. (Sala do Capítulo)
 (Fonte fotográfica <http://www.flickr.com/photos/vidadevidro/2571566152/sizes/m/in/set-72157604346751117/ > acesso em 10/05/12 às 4h47min.)


Fig. 07 - Trítico da Paixão - Pormenor. (Sala do Capítulo). (Imagem editada da capa do livro  - O VITRAL EM PORTUGAL.Séculos XV-XVI de Carlos Vitorino da Silva Barros.) 
(Fonte fotográfica <http://homemdoslivros.blogspot.com.br/2010_07_01_archive.html acesso em 11/05/12 às 4h05min.)



Fig. 08 - Retrato do rei D. Manuel com os filhos e um frade dominicano- Pormenor. (Igreja)

(Fonte fotográfica <http://www.mosteirobatalha.pt> acesso em 30/04/12 às 00h02min.)




CONSERVAÇÃO

Qualquer alteração só deve ser permitida quando contribui decisivamente para sanidade da obra.
·         Parar uma melhor conservação faz-se necessário compreender o que motivou as patologias, como também os recursos tecnológicos empregados na sua produção.
·         A redução de encomendas acaba por diminuir a mobilidade dos vitralistas pela restrição de trabalhar apenas para a manutenção dos vitrais, voltando-se a uma prática mais familiar, mais local.
·         Por conta das perdas patrimoniais de vitrais sofridas durante a 2ª Guerra Mundial, foi criado em 1952 pelo Comitê Internacional de Historia da Arte, o Corpus Vitrearum Medi Aevi; cujo papel é publicar os inventários para salvaguarda dos vitrais sobreviventes.
·         Dentre as dificuldades de se inventariar os vitrais, está passagem de luz que não permite registros fotográficos equiparáveis. Para que possíveis alterações cromáticas sejam diagnosticadas.
·         As patologias opacidificantes dos vidros que ocorre com a migração de sais alcalinos para a superfície prejudicando também a pintura que é igualmente de material vítreo.
·         “Os vitralistas estiveram (...) durante muito tempo corporativamente associados (...) aos pintores.”. Nos finais do séc. XV sucede-se a particularização dos vitralistas de acordo com o desempenho da arte.
·         Mas o próprio ofício de produção dos vitrais não era autônomo, necessitando de outros técnicos. O mestre “picteleiro” executa trabalhos com o chumbo e o estanho. E os vidros não eram produzidos em Portugal; eram trazidos de outros lugares, como Flandres por exemplo.
·          Os vidros mais antigos apresentam corrosão mais adiantada, provavelmente pela elevada quantidade eu recebiam de fundente na sua composição. Já os vidros do séc. XV são mais estáveis devido aos compostos de chumbo.
·         Muitos vidros foram reaproveitados em restaurações; alguns fragmentos que foram remontados perderam seu contexto e coerência.
  A estrutura metálica do vitral, as calhas e barras de fixação, foram ao longo dos tempos menos estudadas se comparadas às demais peças da composição do vitral.
  Apesar de se ter uma maioria favorável a manutenção das calhas originais, a convicção de que sejam mais resistentes não é unânime.
  Oxidação das barras e formação de mínio (óxido de chumbo, também conhecido como zarcão) nas calhas, são as patologias mais facilmente observadas. Nestes casos, sendo recomendada a substituição por materiais menos instáveis que o ferro e o chumbo.
·         Na Capela do Fundador os painéis foram objeto de reparos ao longo dos séculos. Apenas os restauros entre 1931 e 1939 encontram-se devidamente documentados; daí a importância do estudo histórico para eu não se percam informações.
Por Melania Veras


·         A casa real era quem fazia as principais encomendas de vitrais no século XV e XVI. Passado esse período, a coroa passou a se preocupar mais com a preservação dos vitrais já existentes (como consta no Contrato de 1529).




RESTAURO

·         A maioria das intervenções era feita em oficinas particulares, contando apenas por vezes com um historiador de arte e técnicos de conservação além dos vitralistas.



FONTES DE PESQUISA

REDOL, Pedro. O Vitral - História, Conservação e Restauro. Lisboa: Publimpressores – Artes Gráficas, 2000.

Vídeo do mosteiro da batalha no site: <http://www.mosteirobatalha.pt/pt/video/myVideo.php?video=../data/flv/MB_pt/mosteiro_batalha.flv> acesso em 30/04/12 às 00h07min.


Por Melania Veras



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