Vitrais
Portugal não tem uma forte tradição em
vitrais. Difunde-se em Portugal nos séculos XV e XVI, quando a prática na arte
dos vitrais já se encontra em um processo de decadência pela incorporação do
estilo das pinturas em cavalete, o uso de vidros mais finos e maiores. E se
efetiva no séc XVII com a difusão do uso de esmaltes. E no período
renascentista se promove uma maior clareza espacial, favorecendo o uso de
vidraças incolores.
Mosteiro da Batalha
Em
1385 D. João I de Portugal mandou construir o mosteiro de Santa Maria da
Vitória (Batalha) em agradecimento pela vitória na Batalha de Aljubarrota
(travada entre portugueses e castelhanos).
Houve
um verdadeiro surto de construções no séc. XV patrocinado pela ascensão e
afirmação da Dinastia de Avis, promovendo a mobilização de jovens profissionais
de diferentes países europeus como França, Itália e Alemanha. “O Mosteiro da
Batalha transformou-se no centro português de criação de vitral.”
Tipologias
·
Diferentes composições devem-se as diferentes
origens dos vitralistas.
Os painéis
sofreram muitas alterações ao longo dos anos, dificultando que se estabeleçam
comparações entres eles.
A
técnica de execução dos vitrais permitia uma diversidade de combinação de
intervenções de diferentes artistas. Contudo é possível observar diferentes
estilos no desenvolvimento das obras.
Fig. 01 – Anjo (Igreja).
(Segundo
terço do séc. XV. Fonte fotográfica< http://livreiro-monasticon.blogspot.com.br/2011/05/barros-carlos-vitorino-da-silva-o.html>
acesso em 30/04/12 às 00h01min.)
· Uso de vidros brancos nas vestes e traços
muito lineares.
(Fonte
fotográfica <http://www.mosteirobatalha.pt> acesso em 30/04/12 às 00h02min.)
· Conferem-se mais cores e jogos de claros e de
escuro, dando mais volume às figuras.
Fig.
03 - Bodas de Caná – Fragmento (Igreja) (imagem editada da capa do livro O Mosteiro da Batalha e o Vitral e Portugal nos séc. XV e XVI de Pedro Redol).
(Final
do séc.XV e início do XVI. Fonte fotográfica <http://www.cm-batalha.pt/turismo-e-lazer/cultura/publicacoes>
acesso em 10/05/12 às 5h02min.)
·
Trabalha-se mais a volumetria, e no caso
deste pormenor, evidencia-se a participação de mais de um executor.
Fig. 04 – Pentecostes (Igreja).
(Segunda
década do sec. XVI. Fonte fotográfica <http://www.mosteirobatalha.pt>
acesso em 30/04/12 às 00h02min.)
Fig. 05 - Adoração dos Magos. (Igreja)
(Fonte
fotográfica <http://www.mosteirobatalha.pt> acesso em 30/04/12 às
00h02min.)
· É possível se notar variedade na composição e diferentes
fisionomias.
(Fonte fotográfica <http://www.flickr.com/photos/vidadevidro/2571566152/sizes/m/in/set-72157604346751117/ >
acesso em 10/05/12 às 4h47min.)
Fig.
07 - Trítico da Paixão - Pormenor. (Sala do Capítulo). (Imagem editada da capa do livro - O VITRAL EM PORTUGAL.Séculos XV-XVI de Carlos Vitorino da Silva Barros.)
(Fonte
fotográfica <http://homemdoslivros.blogspot.com.br/2010_07_01_archive.html acesso
em 11/05/12 às 4h05min.)
Fig.
08 - Retrato do rei D. Manuel com os filhos e um frade dominicano- Pormenor.
(Igreja)
(Fonte
fotográfica <http://www.mosteirobatalha.pt> acesso em 30/04/12 às
00h02min.)
CONSERVAÇÃO
· Parar uma melhor conservação faz-se necessário compreender o que motivou as patologias, como também os recursos tecnológicos empregados na sua produção.
· A redução de encomendas acaba por diminuir a mobilidade dos vitralistas pela restrição de trabalhar apenas para a manutenção dos vitrais, voltando-se a uma prática mais familiar, mais local.
· Por conta das perdas patrimoniais de vitrais sofridas durante a 2ª Guerra Mundial, foi criado em 1952 pelo Comitê Internacional de Historia da Arte, o Corpus Vitrearum Medi Aevi; cujo papel é publicar os inventários para salvaguarda dos vitrais sobreviventes.
· Dentre as dificuldades de se inventariar os vitrais, está passagem de luz que não permite registros fotográficos equiparáveis. Para que possíveis alterações cromáticas sejam diagnosticadas.
· As patologias opacidificantes dos vidros que ocorre com a migração de sais alcalinos para a superfície prejudicando também a pintura que é igualmente de material vítreo.
· “Os vitralistas estiveram (...) durante muito tempo corporativamente associados (...) aos pintores.”. Nos finais do séc. XV sucede-se a particularização dos vitralistas de acordo com o desempenho da arte.
· Mas o próprio ofício de produção dos vitrais não era autônomo, necessitando de outros técnicos. O mestre “picteleiro” executa trabalhos com o chumbo e o estanho. E os vidros não eram produzidos em Portugal; eram trazidos de outros lugares, como Flandres por exemplo.
· Os vidros mais antigos apresentam corrosão mais adiantada, provavelmente pela elevada quantidade eu recebiam de fundente na sua composição. Já os vidros do séc. XV são mais estáveis devido aos compostos de chumbo.
· Muitos vidros foram reaproveitados em restaurações; alguns fragmentos que foram remontados perderam seu contexto e coerência.
A estrutura metálica do vitral, as calhas e barras de fixação, foram ao longo dos tempos menos estudadas se comparadas às demais peças da composição do vitral.
Apesar de se ter uma maioria favorável a manutenção das calhas originais, a convicção de que sejam mais resistentes não é unânime.
Oxidação das barras e formação de mínio (óxido de chumbo, também conhecido como zarcão) nas calhas, são as patologias mais facilmente observadas. Nestes casos, sendo recomendada a substituição por materiais menos instáveis que o ferro e o chumbo.
· Na Capela do Fundador os painéis foram objeto de reparos ao longo dos séculos. Apenas os restauros entre 1931 e 1939 encontram-se devidamente documentados; daí a importância do estudo histórico para eu não se percam informações.
Por Melania Veras
RESTAURO
· A maioria das intervenções era feita em oficinas particulares, contando apenas por vezes com um historiador de arte e técnicos de conservação além dos vitralistas.
FONTES DE PESQUISA
REDOL, Pedro. O Vitral - História, Conservação e Restauro. Lisboa: Publimpressores – Artes Gráficas, 2000.
Por Melania Veras
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